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18/08/2013

A FIGUEIRA DO CEMITÉRIO

HUMOR

"A figueira do cemitério"

A FIGUEIRA DO CEMITÉRIO
(Adaptação de um texto popular)

Isso aconteceu numa cidade pequena, tranquila, na juventude de Juca e Joca, dois amigos inquietos e inseparáveis, desde a infância.
Àqueles tempos eram dois moçoilos sedentos por aventuras.
E uma destas aconteceu dentro do cemitério da própria cidadezinha.
Deu-se que justamente dentro do cemitério, ambos, numa tarde de domingo, em que não tinham nada que fazer, notaram que havia uma figueira, dessas grandes, bonita, carregadinha, carregadinha...
Um olhou para o outro; Juca coçou a cabeça, Joca esfregou as mãos.
Esperaram até que anoitecesse...

Tão logo caída a noite de domingo, veio também o silêncio, o que lhes era muito propício. Noite de domingo, cidade pequena; todos tendo que acordar cedo, logo dormiam cedo também... Isso caiu como uma luva aos planos dos parceiros Juca e Joca.
Vendo que não eram vistos, pularam rapidamente o muro do cemitério, já levando cada um a sua sacola, que tiveram tempo de arranjar nas horas modorrentas daquele entardecer interiorano.
Subiram logo na árvore carregadinha. E então começaram a apanhar os figos. Embora cada qual tivesse a sua sacola no ombro, enquanto apanhavam os frutos começaram numa fala divertida, (pelo menos para eles!) bem assim; assim bem:

---Um pra mim, um pra você! --- Dizia o Juca.
E o Joca repetia:
---Um pra mim, outro pra você!

E assim iam falando.
Em dado momento dois figos caíram do outro lado do muro.
E o Juca, que pelo jeito parecia liderar a dupla, alertou:
---Ô, você deixou dois figos grandes caírem do lado de lá do muro!
Então o Joca, não querendo falar muito (principalmente naquele local), só disse assim:
---Ah, depois que a gente terminar aqui, pulamos o muro e pegamos esses dois que você falou que caíram do lado de lá.
E o Juca, dando-se por compreendido, reiniciou o apanhar dos frutos, dizendo como antes:
---Um pra mim, um pra você!
E o Joca, repetindo:
---Um pra mim, outro pra você!

Aconteceu que neste justo momento um bêbado, que passava lá do outro lado do muro, portanto do lado de fora do cemitério, ouviu essa coisa de “um pra mim, um pra você; um pra mim, outro pra você”... Ficou bem espantado. E então apressou o passo como lhe era permitido naquela situação em que se encontrava; rumou para a delegacia. Contudo, chegou logo, e encaminhou-se para a autoridade:
---Dotô... Manda um dos seus vir comigo, Dotô! Deus e o diabo estão no cemitério, os dois, Dotô, e estão dividindo as almas entre si!...
---Sai pra lá, bêbado! Vá logo, senão mando prendê-lo!
---Prende eu não, Dotô! É verdade, eles diziam assim: “um pra mim, um pra você!”...

Tanto insistiu o bêbado, que o delegado apontou um policial grandão, desengonçado, cara de bravo, para acompanhar o pau d’água até o cemitério. Logo que chegaram, tanto o policial quanto o bêbado ouviram bem assim; assim bem:
---Um pra mim, um pra você!
E uma outra voz:
---Um pra mim, outro pra você!

E o bêbado, em sua destemperança, ainda observou:
---VÊ COMO SÃO ÍNTIMOS, ’SEO’ POLICIAL... SE TRATAM POR VOCÊ!...

E o soldado, todo assustadão em seu tamanhão:
---É verdade! Eles estão dividindo as almas! Deve ser o dia do Apocalipse! O que será que vem a seguir? 

Então o bêbado pediu silêncio. Psiu...

E de novo ouviram:
---Um pra mim, um pra você!
---Um pra mim, outro pra você!

E ouviram também a seguir uma espécie de suspiro de alívio e de esfregar de mãos, quando um deles disse:
---Pronto! Acabamos por aqui! E agora?
E o outro respondeu prontamente:
---AGORA A GENTE VAI LÁ FORA E PEGA OS DOIS QUE ESTÃO DO OUTRO LADO DO MURO...

Aí o Policial grandão, parecendo desconjuntado, saiu em desabalada, tropeçando em tudo que era pedra, sarjeta, e até nas próprias pernas, e ainda gritando para o bêbado, que de tão assustado caiu de costas e que ainda lutava para se levantar:

---COOOOORRRRE!...

ADhemyr Fortunatto
Escritor
(Autor de  “REFLEXÕES DE UM SUJEITO À TOA e Toda Feminista Tem Um Machão no Coração)”.
Jornalista (Mtb 60.511/SP).
(JORNAL NOTÍCIAS – S. PAULO-SP – www.jornalnoticias.com.br)

adhemyr_fortunato@yahoo.com.br

Leiam outros textos de ADhemyr Fortunatto, acessando:
www.jornalnoticias.com.br
www.paralerepensar.com.br/adhemyrfortunatto

04/08/2013

O CÚMULO DO DESCASO (Humor)



Por: Escritor ADhemyr Fortunatto

Texto publicado no JR NOTÍCIAS (www.jornalnoticias.com.br), no mês de agosto de 2013. 

Proibida a reprodução sem autorização prévia do jornal e do autor.


E o Bodão recebeu do Poder Público este comunicado:

“Pedimos que no dia subsequente ao que completar 55 anos, compareça ao Crematório Municipal, trazendo uma lata de querosene, um veneno letal à sua escolha, bem como importância correspondente ao salário-mínimo, pois seu corpo será cremado, não sem antes ter uma honrosa morte, o que, salientamos, independe de sua vontade, já que V. Sa. passa a partir de então a ser um peso social; eis por que...


1- Perspectivas Imediatas


-Terá dificuldade em arrumar trabalho. (Mais dará trabalho que trabalhará).


-Aos poucos passará a não conter os gases em público, por incontinência anal, pela perda da elasticidade deste. (Ou seja, vai peidar pra ‘caraca’).


-Onerará mais os cofres públicos em busca de remédios de alto-custo.


2 – Perspectivas Funestas Futuras


- Terá que ocupar assentos reservados. (E o Poder Público pretende desestimular tal prática).


- Quererá gratuidade para viajar.


- Reivindicará aposentadoria, provocando sangria aos Cofres Públicos.


Revogam-se as disposições em contrário. 


Se vier à óbito no decorrer desta leitura, avise aos próximos onde tem dinheiro, a fim de arcar com os custos do envio desta”.


P.S.: O Bodão começou por perder “a elasticidade”; tombou desmaiado, exalando um odor nauseabundo.


Adaptado por Escritor ADhemyr Fortunatto

adhemyr_fortunato@yahoo.com.br

www.paralerepensar.com.br/adhemyrfortunato