ESSA HISTÓRIA REAL ACONTECEU QUANDO EU MORAVA NO SÍTIO DO MEU AVÔ ZÉ MARIA, PRA LÁ DA USINA SANTA ELIZA, NO MUNICÍPIO DE SERTÃOZINHO - SP...
Eu era ainda menino.
E ela era uma porquinha. Com um ‘r’ só.
Porca.
Eu queria um relógio. Que marcasse
horas de verdade. (Ou seja, não de brinquedo). Que também servisse para me exibir
nas missas, nas festas.
Meu pai disse:
---ADhemyr... Quando a porca engordá,
nóis vende ela pra móde cê te o relógio.
Pronto! Tratei de dar de comer à porca
para que ela crescesse logo.
Logo a porca passou de um para dois
erres, --- Porrca...
Não demorou, ela cresceu...
Até aí eu já aprendera ver horas, como
se dizia por lá.
Mas tinha um senão, ---a porrca tinha
que engordar...
Pronto! Puseram-me pra alimentar a
porrca...
Logo ela foi para três erres, ---
porrrca.
Tanto comia a danada, que decerto nem
se deu conta da sua dificuldade de locomoção.
---Esse minino vai matá essa porca de
tanto comê!
Mal ouvi isso, me apavorei. Minha
porrrca morrendo, adeus relógio!
Quase parei de alimentar a porrrca.
Mas fui aconselhado a não me importar
com abelhudos.
A porrrca, crescida e gorda, ficou
grande, uma porrrrrrcona!...
Enfim, a porrrca foi vendida e o meu
relógio comprado.
Não me lembro o nome dela, da porrrca,
--- nem se teve nome.
Mas o nome disso, dessa estória
singela, é simplicidade.
Não era fácil termos as coisas àqueles
tempos. Mas quando as tínhamos, valorizávamos muito. Justamente pelo fato de
ter sido difícil de conseguir.
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