Seguidores

14/04/2013

O RELÓGIO E A PORCA

ESSA HISTÓRIA REAL ACONTECEU QUANDO EU MORAVA NO SÍTIO DO MEU AVÔ ZÉ MARIA, PRA LÁ DA USINA SANTA ELIZA, NO MUNICÍPIO DE SERTÃOZINHO - SP...

Eu era ainda menino.
E ela era uma porquinha. Com um ‘r’ só. Porca.

Eu queria um relógio. Que marcasse horas de verdade. (Ou seja, não de brinquedo). Que também servisse para me exibir nas missas, nas festas.

         

 Meu pai disse:

          ---ADhemyr... Quando a porca engordá, nóis vende ela pra móde cê te o relógio.

          Pronto! Tratei de dar de comer à porca para que ela crescesse logo.

          Logo a porca passou de um para dois erres, --- Porrca...

          Não demorou, ela cresceu...

          Até aí eu já aprendera ver horas, como se dizia por lá.

          Mas tinha um senão, ---a porrca tinha que engordar...

          Pronto! Puseram-me pra alimentar a porrca...

          Logo ela foi para três erres, --- porrrca.

          Tanto comia a danada, que decerto nem se deu conta da sua dificuldade de locomoção.

          ---Esse minino vai matá essa porca de tanto comê!

          Mal ouvi isso, me apavorei. Minha porrrca morrendo, adeus relógio!

          Quase parei de alimentar a porrrca.

          Mas fui aconselhado a não me importar com abelhudos.

          A porrrca, crescida e gorda, ficou grande, uma porrrrrrcona!...

          Enfim, a porrrca foi vendida e o meu relógio comprado.

          Não me lembro o nome dela, da porrrca, --- nem se teve nome.

          Mas o nome disso, dessa estória singela, é simplicidade.

          Não era fácil termos as coisas àqueles tempos. Mas quando as tínhamos, valorizávamos muito. Justamente pelo fato de ter sido difícil de conseguir.

                                        Escritor ADhemyr Fortunatto

Nenhum comentário:

Postar um comentário