O
Bodão procurava ver tudo pelo lado da isenção. Mesmo porque ele era o Bodão,
--- 106 quilos, vozeirão, grandão. Era óbvio que em alguém isento de pequenez
tudo fosse “ão”. Isento. Isenção...
Ele
era “anti-traição”. Não era de proclamar o culpado, ele ou ela; ou “ele e ele”
... (Isto posto, ressaltemos que não se
trai só com o sexo oposto...). Para confirmar, está aí a novela das “oito”
... Oito que não é nove, pouco importa. E ao Bodão, bem menos.
O
Bodão enfurecia os traídos ao soltar o seu bordão:
---Traição...?
Poxa; se houve, é porque houve um trouxa!
Embora
sem cura, o Bodão defendia que chifre podia ser prevenido, evitado etc.
---Evitado
até que você leve um! --- Dizia-lhe o Presidente do Clube dos Cornos de Diadema.
---Muito
amendoim e carinho! --- Rebatia o Bodão, rindo, fundamentando-se em sua tese
preventiva.
Praticante
assíduo dessa tese, ele vivia tranquilo, pelo menos no que diz respeito à
galhadas. Era atencioso, carinhoso. Só não gostava de gatos, mas os aturava. A
Senhora Bodão tinha dez.
Sua
aversão aos bichanos era tanta que um dia ele tentou registrar como sua a
enfurecida música “Atirei o Pau no Gato” ...
Porém,
quando os gatos adoeciam, ele mesmo os levava ao Veterinário, e sempre no mesmo, a pedido da
esposa.
Mas
o que ele gostava muito era de pescar. Certo dia marcou com os amigos de irem à
pescaria... Mas amanhecera chovendo. O Bodão, desconsolado, saiu mesmo assim, e
ficou esperando os amigos no local combinado. Não apareceram, óbvio. Aí ele
voltou para casa, decidido a tornar a dormir.
Porém,
mal se deitou, a esposa que dormia de cara rente à parede, exclamou:
---Que bom que você veio, Ralf! Imagine, Dr.
Ralf, que meu marido, mesmo com essa chuva, ainda foi pescar!
Ralf,
o doutor, era o Veterinário.
Autor: Escritor ADhemyr Fortunatto
E-mail:
adhemyr_fortunato@yahoo.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário